Desinfecção de Ambiente Hospitalar: aldeído ou glucoprotamina?

 29/01/2013

Publicado no Infection Control and Hospital Epidemiology  [ICHE] Nov/2012 - Vol.33(11): 1077-80 [Meinke, Ruth et al] O ambiente hospitalar inanimado tem sido identificado como um reservatório de importantes patógenos nosocomiais. O ambiente no entorno do paciente se torna altamente contaminado principalmente quando o paciente está infectado por patógenos como Staphylococcus aureus meticilina resistente [MRSA] e Entrecoccus sp vancomicina resistente [VRE]. O papel da rotina de desinfecção de superfícies de todas as áreas do hospital foi discutida controversamente no passado. Rotina de desinfecção de superfícies tem sido recomendada para áreas de alto risco de infecção. Tradicionalmente os aldeídos tem um amplo espectro de ação microbiocida e tem sido usados na desinfecção de superfícies, especialmente na Europa. Glucoprotamina tem sido introduzido como um composto ativo livre de aldeído. Ao contrário dos aldeído, ele não evapora e tem mostrado boa rficácia in vitro contra cepas bacterianas mutirresistentes. O objetivo desse estudo foi avaliar em área crítica a eficácia do INCIDIN [desinfetante hospitalar que contem glucoprotamina – empresa Ecolab] em comparação ao padrão atual de produto usado na Europa - DECONEX [desinfetante hospitalar que contem aldeído – empresa Borer Chemie]. Método: Um estudo prospectivo crossover foi conduzido de outubro até dezembro de 2010, na unidade de transplante de medula óssea de um hospital universitário da Suíça. Setenta pacientes submetidos a transplante de medula óssea ou em altas doses de quimioterapia com prolongada neutropenia, com uma média de permanência de 4 a 6 semanas, participaram do estudo.  O acesso a essa área é restrito, todos os quartos são privativos e todo profissional usa roupa privativa para entrar e cuidar dos pacientes. Todos os quartos possuem filtro HEPA no sistema de aeração. A composição dos quarto é de PVC no piso e azulejos no banheiro. A unidade foi dividida em duas partes iguais onde uma parte foi desinfetada com Deconex e a outra parte com Incidin. Um dia antes de iniciar o estudo, toda unidade foi lavada com detergente. A primeira parte do estudo durou 4 semanas. O desinfetante era preparado todos os dias pela manhã e toda unidade do paciente era desinfetada com o respectivo produto – superfície e piso. A equipe de higienização foi treinada e todos os funcionários trabalhavam há pelo menos cinco anos na unidade de transplante. Amostras de swabs pré-umedecidos das superfícies foram realizadas dos seguintes locais: mesa de refeição do paciente, mesa usada pelos profissionais de saúde, painel de controle elétrico da cama, torneira de água fria do banheiro do paciente e piso próximo à cama do paciente. Mais detalhes da metodologia, microbiologia e análises estatísticas utilizadas – ver artigo original. Resultados: Do total de 3.068 das amostras obtidas para análise, 1.528 foram de superfícies desinfetadas com Deconex e 1.540 com Incidin. Um total de 152 amostras de superfícies desinfetadas com Deconex e 185 amostras de superfícies desinfetadas com Incidin mostrou crescimento bacteriano [?=0.67]. A contagem de bactérias do ambiente positivo não foi estatisticamente diferente [?=0.58] para os produtos testados. Enterobacter aerogenes foi isolado do piso tratado com Incidin e Pseudomonas aeruginosa na torneira do banheiro do paciente, cuja cepa era idêntica àquela isolada no paciente [confirmação por PFGE], porém não foi evidenciada infecção por P. aeruginosa nesse paciente. Por outro lado, Staphylococcus aureus foi isolado duas vezes do piso tratado com Deconex, assim como duas vezes do painel de controle elétrico da cama. O mesmo patógeno foi ainda isolado uma vez da torneira de água fria do banheiro tratada com Incidin. Enterococcus sp foi o patógenos mais frequentemente isolado após a desinfecção – detectado em 3% após uso de incidin e 6% após uso de Deconex, de todo ambiente rastreado [?=0.14]. Discussão: Nenhuma diferença significante na eficácia antimicrobiana entre o Deconex e o Incidin foi encontrada, apesar de um grande número de amostras coletadas do ambiente. Esse estudo encontrou contagem bacteriana acima de 5 UFC/cm3 de área contaminada [limite aceitável na literatura], até 60 minutos após a desinfecção; especialmente no piso e em locais próximos ao paciente [mesa de refeição e painel de controle elétrico da cama]. Algumas limitações são descritas nesse estudo: padronização do tempo de coleta de swab de superfície após a desinfecção não foi possível. Entretanto, o desenho do estudo usando múltiplos pontos no tempo permitiu mostrar a recontaminação do ambiente ao longo do tempo. Embora o paciente ficasse exposto ao seu ambiente, 24 horas por dia, a rotina de vigilância não detectou infecção de origem ambiental. Ao contrário, um paciente infectado co S. aureus contaminou seu ambiente em 3 amostras [piso e painel de controle elétrico da cama]. Conclusão: Tanto o desinfetante testado contendo aldeído [Deconex] quanto aquele testado contendo glucoprotamina [Incidin], demonstrou similar eficácia contra contaminação ambiental em área crítica hospitalar. ......................................................................................................................... Se você desejar obter esse artigo, escreva para katia.costa@abih.net.br                                                                                                                    Kátia Costa

TAGS